O “Imperativo Técnico” assim definido pelo Dr Peter Pons, é uma técnica que uma vez ensinada – vai ser usada constantemente, exageradamente e muitas vezes de forma errada.
Aqui e em relação ao abaixo exposto, temos um exemplo do “Imperativo Técnico”.
Os Serviços Médicos de Emergência Americanos, nomeadamente dos estados de Massachusetts e Califórnia há mais de 5 anos que já não utilizam o plano duro de forma imoderada, sendo o colar cervical aplicado de forma consciente em skills, muito especificas, e o “plano duro” apenas em extrações.
É sabido que a presença do colar e do plano duro podem gerar dor, stress, ansiedade, desconforto, aumento da pressão intracraniana até 4,5 mmHg, aumento do risco de úlceras de pressão, dificuldade na manipulação da via aérea e incremento no risco de bronco-aspiração.
Além disso, no trauma penetrante foi observado aumento de mortalidade quando a “imobilização” da coluna vertebral resultou no aumento no tempo de transporte.
Estudos como o NEXUS (National Emergency X-Radiography Utilization Study) do ano de 1992 e o Canadian C-Spine Rule, do ano de 2001 tem auxiliado as equipas dos centros de trauma para a decisão sobre a restrição da coluna e a necessidade de exames complementares, diminuindo custos, a necessidade de procedimentos e a exposição do paciente à radiação.
Pesquisas seguiram-se e nos anos de 2013 e 2014, Dixon et al e Engsberg et al, demostraram que a técnica de auto-extração controlada é a que menos gera movimentos da coluna cervical, quando comparada com as técnicas tradicionais de extração.
A 9 de agosto de 2018, foi publicado um importante consenso pelos Colégio Americano de Cirurgiões – Comitê do Trauma (ACS-COT), Colégio Americano de Médicos de Emergência (ACEP) e Associação Nacional de Médicos de Pré-Hospitalar (NAEMSP).
Chegados a 2023, o consenso dita que, nem sempre, nem nunca, só apenas aquilo que o paciente precisa e nada mais do que isso.